Entrevista com “palestra”, coach da Team Liquid feminina de VALORANT

Depois de vencer as suas duas partidas de estreia, a Team Liquid chegou a final da Chave Superior do VCT Game Changers, encontrando a G2 Gozen. Após os jogos, o AESA Brasil teve a oportunidade de conversar com o treinador da equipe, André “palestra” Daguano. Foram abordados assuntos sobre os confrontos contra a FENNEL e Shopify Rebellion, impacto da torcida e expectativas do encontro contra a G2 Gozen.

Confira a entrevista com o coach “palestra”

Entrevista com "palestra", coach da Team Liquid feminina de VALORANT palestra e rob-wiz, treinado da Shopify Rebellion – Reprodução: Valorant Esports

Durante a sua partida de estreia, vocês tiveram partidas muito boas, mesmo sendo surpreendidos pela FENNEL. Porém, de acordo com a sua visão, esse placar acirrado, foi algo mais relacionado a estratégia adotada por elas ou foi algo como nervosismo de estar no mundial?

Assim, elas jogam um jogo meio que diferente. Eu não vou fazer um comparativo direto, mas tem alguns times no mundo, que a galera conhece, que possuem um estilo de jogo peculiar, algo próprio. Por exemplo, a Paper Rex, que ficou muito famosa, onde acabou ficando vice-campeã no VCT Masters Copenhagen 2025, apenas jogando um estilo próprio. E a FENNEL jogou um estilo próprio. Então, muitas das situações que elas propuseram de jogo na partida, nós (Team Liquid) não estávamos habituados a ter uma reação. 

E eu acho que a gente ficou naquele momento que pensamos muito no jogo delas e menos no nosso. Com isso, começamos a errar o básico, como comunicação, trocas rápidas, ganhar posição e por aí vai. Aí acabamos pensando muito e ficamos estáticos, como pode ser observado no jogo. Em vários momentos as meninas ficaram muito paradas, sem muita informação no mapa. Aí começou a aparecer várias situações de kill isoladas, que acabou prejudicando um pouco. Teve rounds, em situação de vantagem, que a gente foi corajoso demais e acabamos entregando uma vantagem. 

Então acabou complicando um pouco o jogo, mas pra mim, 80% dos problemas que aconteceram ali não foi muito em torno do meta próprio da FENNEL, mas sim o fato de estarmos pensando muito no jogo delas e esquecendo de fazer o nosso. 

Um dos fatores que chamou bastante a atenção no VCT Game Changers Championship, é que, ao contrário do que aconteceu com a LOUD no VCT Champions, a Team Liquid está tendo muita torcida. A gente vê a torcida com cartazes, sempre com dizeres de “Vamos Liquid”, “LetsGoLiquid” e até mensagens para as jogadoras. Você acredita que isso se criou pelo carisma de vocês ou pelo fato da Team Liquid ser uma organização europeia?

Entrevista com "palestra", coach da Team Liquid feminina de VALORANT Torcida europeia dando o seu apoio para a Team Liquid – Reprodução: Valorant Esports

Então, eu acho que a Liquid tem uma boa base de fãs, ela é uma organização holandesa-americana, então tem muitos fãs aqui, que torcem para a equipe como um todo. Porém, eu acho que, essa torcida também foi conquistada pouco a pouco, nos nossos trabalhos, vencendo os campeonatos, convencendo que gente era um time bom e que temos capacidade de chegar longe. Então, posso dizer que temos uma base, mas não posso dizer que é uma torcida gigantesca ou favorável a nós. 

Eu acho que, de uma maneira geral, a galera ainda quer ver a gente perder. Porém, é muito dahora ver o apoio da torcida e dos brasileiros, que acompanham a trajetória das meninas, que acreditam nelas. Então, esse apoio está sendo bastante diferente para a gente. Existem muitas pessoas que querem nos ajudar, entende?

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É muito gratificante, depois de trabalho e trabalho e trabalho, ver pessoas do cenário, quererendo ajudar a gente dentro do jogo. Elas vem para trocar ideias e querem que a gente conquiste o mundo. Querendo ou não, nesse sentido, o Brasil é muito unido e traz uma energia muito foda para o jogo. E também é muito bom ver a galera gringa apoiando a gente. Assim, não é algo que a gente imagina. Pessoas europeias, mandando mensagem, DM, torcendo para gente, desejando o melhor, querendo que sejamos campeões, independente da nacionalidade. É um negócio muito positivo. Mas, ainda assim, eu ainda acho que está todo mundo querendo ver a gente perder.

Ainda em cima desse lance de torcida e expectativa, no Brasil o apoio é algo gigantesco. Você acredita que essa expectativa pode influenciar um pouco no nervosismo, principalmente, das jogadoras? 

Entrevista com "palestra", coach da Team Liquid feminina de VALORANT Toda equipe da Team Liquid Brasil reunida antes do jogo – Reprodução: Valorant Esports

Eu acho que não. Porque, estamos acostumado com essa grande expectativa o ano inteiro. Sempre esperaram que a gente ganhasse os campeonatos e mandasse bem o ano todo. Eu acho que isso não vai influenciar. A gente traz pro jogo, o que a gente treinou, o que aprendemos nas partidas. Essa pressão, para ser bem sincero, a gente não tem trazido para dentro do jogo do mundial. 

Vamos dizer assim, que, aqui, no VCT Game Changers Championship, estão as oito melhores equipes do mundo. Não tem time bobo aqui. Então, eu posso afirmar que não tem pressão. Além disso, eu sinto que não existe um time favorito. Eu não sinto isso. Eu também acho que as meninas não sentem isso. Estamos mais preocupados em sermos a gente, sermos as pessoas que fizeram a gente chegar até aqui, no mundial feminino.

Sobre a partida que vocês tiveram contra a Shopify Rebellion GC. Foi possível ver uma mudança muito grande por parte da Team Liquid. Vocês começaram perdendo o primeiro mapa, viraram o segundo e tiveram uma vitória limpa no decisivo. Lembrando que, a Icebox, foi um mapa que vocês haviam perdido para a FENNEL Female. Como foi esse trabalho? Como foi trabalhar essas mudanças com as jogadoras? 

Você ter um placar close e jogar um jogo bem jogado e ver que, às vezes, num round ou outro, uma decisão individual ou mesmo tomando a decisão, vamos dizer assim, combinada, perdemos um round, isso não abala o psicológico.

Jogamos o que era para ser jogado e perdemos porque era mérito ou porque, sei lá, não acertamos a mira num round, mas as decisões corretas foram tomadas. Então, quando perdemos o primeiro mapa ali da Fracture, pensamos: “Beleza, o jogo foi dahora, a gente tomou as decisões que a gente queria ter tomado e dá pra ganhar isso daqui”. Tipo assim, o jogo vai ser jogado, vamos ter uma série, essa foi a sensação na qual a gente foi para o segundo mapa.

E a Bind, especificamente, depois que a gente perdeu para a B4 Esports, na Grande Final do VCT Game Changers Brasil, nós demos um carinho muito grande para ele. Pois sabíamos que os outros times iriam tentar jogar dentro dessa brecha, nas MD3 (Melhor de três mapas, sistema usado nos campeonatos de Valorant). Assim, eu estranhei a FENNEL não querer puxar esse mapa contra a gente, mas eu sabia que todas as outras equipes iriam tentar explorar esse lado. Até porque, não tem nenhum time do campeonato que não joga Bind.

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Então, muitos deles iriam olhar para esse resultado antigo e acreditar que a gente tinha uma brecha, fraqueza. Por isso que demos tanto carinho e trabalhamos bastante para que, tipo, quando cair o mapa numa série, eles não vão saber como lidar com o nosso jogo. Então, podemos dizer assim, que foi algo pensado antes. 

Finalizando, a próxima partida da Team Liquid, será contra a europeia G2 Gozen. Inclusive, durante a coletiva com a imprensa, antes do início do campeonato, a jogadora da equipe, mimi, elogiou vocês (Team Liquid). Até disse que vocês foram parceiros de treinos, durante o bootcamp feito na Europa. Como estão sendo os preparativos para enfrentar elas? 

Entrevista com "palestra", coach da Team Liquid feminina de VALORANT Treinador da G2 Gozen, Carcass e as suas jogadoras – Reprodução: Valorant Esports

Nós vamos fazer o nosso jogo. A gente já jogou juntos, há uns três meses atrás, em outro bootcamp que fizemos na Europa. Eu, palestra, especificamente, gosto muito deles, das jogadoras, do treinador delas, o Carcass. Nós temos uma relação muito boa e amigável. Então, é um time que a gente respeita muito, que a gente gosta e estamos com vontade de fazer uma grande partida. 

Tipo, se a gente veio aqui, para esse mundial, com certeza foi pensando que, em algum momento, nossos caminhos iriam se cruzar. Então, muito respeito por elas, muito carinho, gosto muito do estilo de jogo delas, gosto muito de todos os profissionais que estão lá. Até chegamos a trocar jerseys. Assim, como o ditado diz: “Amigos, amigos, jogos à parte.”.

É isso, eu sinto que estamos muito preparados e que vai ser uma grande partida. O time que sair vitorioso nesse confronto, vai estar mais que preparado para a Grande Final. E também que, quem cair na Chave Inferior, vai conseguir fazer uma grande partida na final dela e possivelmente poderá ir para a Grande Final. 

Resumindo, é um misto de sentimento, respeito, admiração, gosto do trabalho deles, gosto dos profissionais que estão lá. Vamos fazer o nosso jogo e a gente já entende um pouco do jogo delas, mas é muito mais sobre a gente ser nós mesmos e fazer o que já sabemos.

Acompanhe o VCT Game Changers Championship

O próximo confronto da Team Liquid é contra a G2 Gozen, uma equipe bem conhecida no cenário mundial. Lembrando que, essa disputa vale vaga para a Grande Final, dando à equipe uma vantagem boa na hora de banir mapa. O horário do jogo vai ser o seguinte:

  • Team Liquid x G2 Gozen – 18 de Novembro, às 15h

Você pode acompanhar os jogos do VCT Game Changers Championship, pelos canais oficiais do Valorant Esports Brasil, na Twitch e Youtube. Além disso, existem diversos Watch Parties, para você acompanhar os jogos com o seu streamer favorito.

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